SBCCP em comemoração aos 150 anos da primeira laringectomia total
Live voltada para equipe multiprofissinal que trata pacientes com câncer de laringe vai debater a evolução do tratamento e da reabilitação da voz
O que, em 1873, parecia impossível e mesmo assim foi realizado, agora, em 2023, é feito com muita habilidade por cirurgiões de cabeça e pescoço em todo o mundo e com um salto evolutivo inimaginável para os especialistas que, há 150 anos, ousaram em fazer o que parecia impossível: retirar toda a laringe de um paciente para tratar um câncer.
Após 150 anos da primeira laringectomia total, realizada por Dr. Christian Albert Theodor Billroth, em dezembro de 1873, na Áustria, o que certamente era considerado impossível naquela época, atualmente é real: mesmo sem a laringe, o paciente volta a falar.
Parece até que a frase do poeta e romancista francês Jean Cocteau, nascido em 1889, foi feita para os profissionais envolvidos nos avanços da medicina e da tecnologia na área médica: “Não sabendo que era impossível, ele foi lá e fez”.
Live Comemorativa
No dia 04/12/2023, às 19h, o Departamento de Laringologia da SBCCP realizará a Live Comemorativa dos 150 anos da Laringectomia Total. O evento será pela plataforma makadu e abordará os seguintes temas:
Câncer de laringe: o que vi e vivi em 50 anos, cujo conferencista será Dr. Nedio Steffen, otorinolaringologista e cirurgião de cabeça e pescoço, professor adjunto do Departameto de Cirurgia da PUC-RS, e detentor do primeiro prêmio Jorge Fairbanks Barbosa, em 1979, com o trabalho Reabilitação Vocal do Paciente Laringectomizado), e Análise crítica do tratamento do câncer de laringe, com a conferencista Dra. Izabella Costa Santos, cirurgiã de cabeça e pescoço, Doutora em Clínica Cirúrgica pela USP e Vice-chefe da Seção de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Instituto Nacional do Câncer – Inca).
Como membros debatedores da live, estarão os especialistas em cirurgia de cabeça e pescoço, Dr. Evandro Duccini, Dr. João Batista Andrade e Dr. Renato de Castro Capuzzo.
SAIBA MAIS
O que é laringectomia total?
A laringectomia total é a remoção de toda a laringe, por meio de cirurgia, para tratar um câncer que se desenvolveu no local e está em fase avançada que inviabiliza tratamentos conservadores.
Nos casos de diagnóstico e, consequentemente, tratamento precoce, é possível tratar da doença sem a remoção total da laringe.
O que é laringe?
A laringe é uma estrutura localizada na garganta, muito importante na produção da fala, além de impedir a aspiraçao de alimantos para os pulmões durante a alimentação.
Ela é dividida em glote, supraglote e subglote. E é na glote onde estão localizadas as pregas vocais, que vibram com a passagem do ar e produzem os sons, permitindo a fala.
Quando a laringe é afetada por um câncer, a capacidade de fala pode ser comprometida.
Evolução na reabilitação pós-laringectomia total
A laringectomia total leva a perda da fala e modificaçao na respiração, que passa a ser realizada pela exteriorizaçao da traqueia no pescoço (traqueostoma). Nesses casos, é necessário ensinar ao paciente novas formas de realizar essas funções.
O fonoaudiólogo é o profissional que analisará cada caso e indicará as novas formas de comunicação (seja por meio de técnicas ou aparelhos) e de respirar pelo traqueostoma ( orificio no pescoço por onde a pessoa passa a respirar) após a laringectomia total.
As técnicas que ajudam os pacientes na reabilitação vocal são:
• Prótese fonatória: o cirurgião de cabeça e pescoço fará um orifício entre o esôfago e a traqueia para inserir uma prótese com válvula para permitir que o ar expirado passe pela garganta e produza vibrações para a emissão da fala, criando um som próximo da voz normal.
• Laringe eletrônica: também chamada de eletrolaringe, é um aparelho eletrônico externo com uma membrana vibratória que, quando pressionado no pescoço, transfere o som para a boca e possibilita a emissão da voz. Nesse caso, a voz terá um som mecanizado.
• Voz esofágica: é uma técnica, ensinada e treinada por um fonoaudiólogo, em que o pacienre aprende a movimentar o ar no esôfago e na garganta, produzindo sons que serão usados para a emissão da fala. Quando aprendida, não necessita de aparelhos ou próteses para possibilitar a cominicação. A voz esofágica é rouca e a comunicação é com frases mais curtas.