Caros amigos jovens e velhos amigos.
Apenas agora percebo que, entrando em 2022, faz 50 anos que fui declarado médico e, junto com outros colegas vindos de várias partes do Brasil, começamos a residência médica no Hospital do Câncer A C Camargo.
Após três anos de treinamento em tempo integral, morando no hospital, recebemos o diploma de especialista em Oncologia Cirúrgica ou Clínica, ou em Radioterapia. O Dr. Jozias de Andrade Sobrinho era o chefe do Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço e me convidou para fazer parte da equipe. Ficamos lá por quase três anos quando, em 1977, o Jozias, Abrão Rapoport, Antonio Sérgio Fava, José Magrin e eu, saímos para fundar o Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Hospital Heliópolis.
Meio século não é nada. Em1972 não conhecíamos um computador, fax, tomografia computadorizada, ressonância magnética, PET-SCAN, a vídeocirurgia, a cirurgia robótica, etc. Fazíamos esvaziamento cervical radical para casos N0, não tinha punção biópsia aspirativa, não tinha imunohistoquímica, não se falava em marcadores tumorais. Não tendo retalhos microcirúrgicos, nem miocutâneos, as reconstruções eram feitas com tensos retalhos da vizinhança ou por retalhos cutâneos distantes que eram tubulizados e migrados por reptação.
Nestas últimas cinco décadas testemunhamos um progresso que nem a mente mais sonhadora poderia imaginar. Pena que como cidadãos não tenhamos conseguido reduzir a triste desigualdade social do nosso país e o avanço da medicina só está ao alcance de poucos.
Agora, septuagenários, ninguém espera que lideremos nenhuma revolução na medicina, mas foi nossa responsabilidade formar quem estará à frente da evolução dos próximos 50 anos.
Não é só evolução científica e tecnológica, mas principalmente, a evolução e manutenção dos valores éticos. O respeito à diversidade da natureza, a sacralidade do corpo humano vivo ou morto, a batalha contra a dor em todas as suas formas, a submissão à ciência, a paixão por todas as formas de expressão humana seja através da arte, da literatura ou da música, são apenas algumas das responsabilidades que nós, cada vez mais velhos, assumimos com aqueles que, aos nossos olhos, são cada vez mais jovens.
Após 50 anos em cartaz, abrem-se as cortinas para o gran finale, a última temporada. Vamos fazê-la esplêndida; não por nós, mas principalmente pelos nossos pais, nossos amores pelos quais daríamos a vida, nossos pacientes vivos ou mortos, pelos nossos colegas que não puderam completar a jornada ou, simplesmente, pela graça de ter compartilhado uma existência tão rica.
Dr. Marcos Brasilino de Carvalho
Cirurgião de Cabeça e Pescoço
Com o entusiasmo de estarem Juntos de Novo, os participantes do XXIX Congresso Brasileiro de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (XXIX CBCCP) realizaram uma descontraída e animada confraternizaç&at...
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